quarta-feira, 8 de abril de 2009

“Páscoa, a vida se liberta da morte”

“A Páscoa é como plantação de melancia: viceja rente ao chão da vida e, de repente, apresenta-nos um belo fruto. Ela está presente nas juras de amor dos enamorados e na luta dos que teimam pelos direitos humanos; na solidariedade dos que dão de si ao próximo e no cuidado dos que protegem o meio ambiente; no sorriso de quem embriaga o coração de misericórdia e no empenho incansável dos que fazem da política a arte de servir a maioria.

Se olharmos em volta veremos, surpresos, que os sinais de Páscoa superam os sinais de morte. Não é uma maravilha que condições naturais extremamente delicadas, como a exata quantidade de oxigênio na atmosfera, tenham se reunido para propiciar, neste planeta, o milagre da vida? Não é sintomático que, apesar de tantos impérios, os pobres continuem a lutar por seus direitos? Não é significativo que, ao menos como força de lei, grande parte da humanidade tenha abolido a escravidão, o trabalho infantil, a discriminação racial, a submissão da mulher, proclamando a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Não é uma bênção de Deus que haja, ainda hoje, homens e mulheres que, como Francisco de Assis, Gandhi, Luther King e Teresa de Calcutá, continuem a doar suas vidas para que outros tenham vida?

Celebrar a Páscoa é fazer valer o dom supremo da vida, e vida em abundância para todos, como queria Jesus (João 10,10). Portanto, ainda que haja tantos sinais de morte à volta, a certeza de que Jesus vive naqueles que têm fome e também em quem dá de comer; dos que têm sede e em quem dá de beber; desafiando nossa capacidade de amar, é o que sustenta o mundo e a minha esperança.

Como dizia santa Teresa de Ávila, tudo passa. E acrescento: só a Páscoa não passa. Pois para quem soube fazer terna esta vida, do outro lado ela também será terna e eterna.

* Frei Betto (fragmento de “Páscoa, a vida se liberta da morte”

Abraços! Feliz Páscoa!
PJMP União dos Palmares - AL

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